quarta-feira, 15 de junho de 2016

Meu filho é especial, e agora? Escola especial ou escola regular?

Venho experimentando o que é ter uma criança especial na família por quase 15 anos. Quando eu tinha 10 anos minha madrinha deu a luz a Anna Alice, minha prima, que nascera prematura. Até por volta de um ano e meio de idade não tínhamos notado nada de especial ou diferente na Anna Alice, ela estava se desenvolvendo saudável e aparentava não apresentar nenhum sinal de sequela por ter nascido prematura.

Geralmente as crianças começam a desenvolver a fala a partir de um ano, elas tendem a repetir as palavras "mamãe", "papai" e "água" que são as palavras que mais escutam. Até os dois anos elas já aumentaram o vocabulário e por volta dos três anos já conseguem se comunicar bem. Com a Anna Alice notamos uma certa dificuldade. Ela não reproduzia o som das palavras corretante e tinha dificuldade em se comunicar da maneira que era esperada para a idade. Após uma serie de consultas aos mais diversos tipos de médicos descobrimos que a Anna Alice tinha perda auditiva, ou seja, ela não estava desenvolvendo a fala porque tinha dificuldade em ouvir. 

Um criança aprende a falar ouvindo. Ela ouve pessoas ao seu redor falando, reproduzindo sons e então os imita. Bebês tem uma enorme capacidade de reconhecimento de sons, ele nascem "equipados" com a habilidade de identificar todos os tipos de som das mais diversas línguas, por isso a facilidade em aprender outro idioma ou de crescer bilíngue. Como a Anna Alice não ouvia corretamente ela não desenvolveu a fala. 

Os pais buscaram especialistas ,viajaram para ouvir diferentes opiniões e então começaram os acompanhamentos. Ela iniciou sessões com uma fonoaudióloga para desenvolver a fala e começou a usar uma um aparelho auditivo para corrigir sua perda. Tudo isso nos deixou muito abalados, é claro! Mas acreditamos que ela foi um presente divino, que Deus a enviou para que cuidássemos dela da melhor maneira possível. 

Passadas todas essas situações chegou o tão esperado momento: está na hora da Anna Alice ir para a escola. E agora? Procuramos uma escola especial ou uma regular? Os pais visitaram várias escolas e optaram por colocá-la em uma regular próxima a sua atual casa. A escola tinha boas referências e era uma escola católica, conhecida por trabalhar bem a inclusão. A Anna Alice ficou lá por dois anos. 

Próximo da alfabetização os pais verificaram a necessidade de mudar a Anna Alice de colégio. Decidiram colocá-la na melhor escola de Manaus, conhecida por ser conteudista e bem tradicional. A adaptação foi boa, os pais conversaram com todos da escola os deixaram a par do caso da Anna Alice. Não vou dizer que eles não encontraram problemas no decorrer dos anos, alguns surgiram mas foram logo resolvidos. Sempre contamos com os professores e a mãe estava sempre presente. 

Hoje a Anna Alice tem 14 anos e está no 8° ano. Ela nunca reprovou e é uma excelente aluna, está entre as melhores da turma. 

Contei essa história por acreditar que crianças especiais precisam frequentar as mesmas escolas que crianças sem nenhuma especialidade. Acredito que é necessário uma preparação muito grande por parte dos profissionais e também por parte das famílias mas que sim, é possível essa inclusão. 

Essas crianças precisam se conhecer, precisam olhar uma as outras com igualdade mas ao mesmo tempo respeitando suas diferenças. Não somos iguais e não devemos ser! O que nos faz únicos são as nossas especialidades, nossas características. traços e personalidade. 

Sei que ainda precisamos evoluir para chegarmos a esse ponto mas, vamos tentar! Tenhamos isso como uma meta e vamos batalhar para alcançá-la. Pode parecer impossível mas, uma vez que sabemos onde queremos ir, temos um direcionamento, conseguimos estabelecer metas a curto e longo prazo o resultado final é só uma questão de tempo e dedicação.



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